quarta-feira, 2 de junho de 2010

Editorial

Futebol…

O futebol é um dos elementos da famosa trilogia dos três F’s com a qual se diz que Salazar entretinha o povo, abstraindo-o de outras… realidades. Se assim era, que jeito deram as vitórias do Benfica e do Sporting além-fronteiras e a excelente caminhada dos “Magriços” no Mundial de 66, disputado em Inglaterra. E o talento com que Eusébio enchia os relvados (e “pelados”). Tal como os outros vértices da trilogia: o encanto de Amália e a devoção a Nossa Senhora do Rosário.
Fátima, Futebol e Fado. Sempre presentes na sociedade portuguesa e no dia-a-dia dos portugueses. Hoje como ontem. Primeiro a enorme devoção a Nossa Senhora, bem visível ao longo dos anos; depois o Futebol, praticado em maiores ou menores centros populacionais, por miúdos ou graúdos, fazendo jus à designação de desporto-rei; finalmente o Fado, sempre o fado, ontem como hoje, agora com destaque para as novas vozes entre as quais podemos destacar Ana Moura, Pedro Moutinho e, claro, Mariza (felizmente também muito bem cantado em Penela, entre outros por Graça Santos e Avelino Carlos).
Diz-se, e sente-se, que, com o sentido que lhe era dado pelo “velho ditador”, aquela trilogia está de volta. Perdoe-se-nos a ligação, mas foi assim aquando da visita do Papa a Portugal (logo a seguir a seguir à festa “encarnada” pela conquista do título nacional): ainda o Santo Padre trazia aos portugueses uma mensagem de fé e de esperança e já o governo anunciava as medidas de combate à crise, muito penalizadoras para o bolso dos cidadãos (medidas que se vão sucedendo, atabalhoadamente e mal explicadas, gerando a desconfiança e o medo). Ora todos queremos e desejamos que Portugal entre em campo com garra e determinação e que realize boas e espectaculares exibições; que Portugal vença jogo após jogo até chegar à grande final; que Portugal seja campeão do Mundo. Mas que essas conquistas e a consequente festa, a acontecerem, não desviem a atenção nem calem a voz dos portugueses face aos (eternos) sacrifícios a que estão sujeitos…

António José Ferreira

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