quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Editorial

Onde estavam?

O secretário-geral do Partido Socialista, António José Seguro, invetivou o primeiro-ministro a tomar posição sobre as contas da Madeira e a clarificar se mantém, ou não, a confiança política ao presidente do Governo Regional daquele arquipélago. Não poderíamos estar mais de acordo com o líder do PS, pois na política portuguesa, de modo a valorizar o que é na realidade bem feito e útil aos cidadãos, há que acabar de vez com a ideia de que é bom tudo o que é da cor e mau tudo o que é de outra cor…
Embora nos seus discursos tenha dado vagos sinais nesse sentido, está por clarificar, no entanto, se António José Seguro tem a mesma atitude firme em relação à desastrosa governação de José Sócrates e da sua equipa ministerial, que colocou Portugal à beira da bancarrota. Mantém António José Seguro a confiança política em Alberto Martins, Ana Jorge, Augusto Santos Silva, Gabriela Canavilhas, Helena André, Jorge Lacão, António Serrano, Pedro Silva Pereira e Vieira da Silva, todos ex-ministros do anterior Governo e que agora se sentam a seu lado na bancada do parlamento?
Já muito se escreveu e muito se vai escrever sobre as diatribes do chefe do Governo Regional da Madeira, importando agora, sobretudo, que as instâncias competentes investiguem, cheguem aos números reais e tomem todas as decisões que houver a tomar. Importa também, até para percebermos este (frágil) sistema em que assenta a nossa democracia, obter resposta profilática a algumas perguntas: ao longo destes anos, onde estavam os presidentes da República?; onde estavam os sucessivos Governos?; onde estava a Assembleia da República?; onde estava o Tribunal de Contas?; onde estavam os líderes do PSD, que de uma forma ou de outra foram dando guarida à “loucura” de Alberto João Jardim?; por último, onde estávamos nós, cidadãos, que não percebemos nos “buracos” (o da Madeira e os de cá) em que nos estavam a meter?

António José Ferreira

1 comentário:

Ma-Ry disse...

O facto é que Portugal está a dar a prova de que não foi capaz nos 30 anos que se seguiram ao 25 de Abril de montar uma "contabilidade de estado" eficaz, séria e de confiança. Neste país há muitas Madeiras, a maxi-Madeira do Portugal inteiro e as centenas de mini-Madeiras que são os municípios. Não vale a pena atacar o PS, o PSD, o CDS ou outros: é o sistema global que está falido. Com alguma ironia podemos dizer: Portugal são centenas de Jardins à beira mar plantados.