“Certificação da ignorância”. Foi assim que Pedro Passos Coelho, Nuno Crato e Miguel Relvas se referiram às Novas Oportunidades, que deram possibilidade a milhares de portugueses de concluírem estudos que, por razões várias, em muitos casos por incapacidade financeira, tinham ficado para trás; portugueses e portuguesas que alcançaram, com orgulho e emoção, etapas de formação que antes lhes foram vedadas pelas agruras da vida.
O mesmo ministro que, nas entrelinhas, chamou
ignorantes a milhares de portugueses
pôde estudar. Frequentou o curso de Direito, em 1986 – fez apenas uma “cadeira”; e o curso de História e Relações
Internacionais, no ano seguinte –
não fez uma única disciplina. Em 2006 o atual “braço direito” de Pedro Passos Coelho voltou à “escola”,
inscrevendo-se na Universidade
Lusófona de Humanidades e Tecnologias no curso de Ciência Política e Relações Internacionais. Após análise ao
currículo de Miguel Relvas, que
entretanto havia sido Secretário de Estado, a direção da Universidade permitiu-lhe concluir o curso
em apenas um ano. Isto é
certificação de quê? Da “inteligência”? Ou do facilitismo?
Há dias vimos o ministro Miguel Relvas a prestar declarações a um canal televisivo. Atrás, atento, estava Paulo Júlio, Secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa. Paulo Júlio tem um percurso académico, tem um percurso profissional, tem obra feita e reconhecida como presidente da Câmara Municipal de Penela, tem um projeto. Sabemos que há uma hierarquia a ser respeitada e não duvidamos nem um pouco da lealdade com que Paulo Júlio desempenha as suas funções no Governo de Portugal. Mas não gostámos de o ver na retaguarda de um homem que, aparentemente, é mais um dos muitos oportunistas que grassam na política…
Assistimos, no Porto, ao lançamento do livro “Criminologia: um arquipélago interdisciplinar”, de autoria de Cândido da Agra. A apresentação da obra esteve a cargo de Laborinho Lúcio, Ministro da Justiça no XI e XII Governos Constitucionais e Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. A dada altura, Laborinho Lúcio lançou o repto: todos aqueles que ocuparam cargos políticos deviam ser chamados à Assembleia da República, não para falarem do que fizeram bem, que é o mais habitual, mas sim do que não fizeram ou fizeram mal. Por outras palavras, dizemos nós, para assumirem responsabilidades. Quem aceita este repto? E quando?
O que parece, no dia a dia, é que muitos dos titulares de cargos políticos os abraçam em proveito do bem pessoal e não do bem comum. Recuemos. Ainda na oposição, já na liderança de Pedro Passos Coelho, o Partido Social Democrata chamou Eduardo Catroga para participar nas negociações com a Troika. Recordo-me de ler um texto de um comentador, certamente distinto, onde justificava a escolha de Catroga como contraponto aos cabelos brancos do então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Afinal o “senhor dos cabelos brancos” queria era tratar da “vidinha” dele. Tratou! Ganha atualmente mais de 45 mil euros por mês na EDP…
A propósito da EDP, um caso concreto de alguém que recebe pouco mais de 300 euros por mês e pagou uma fatura de 42 euros de eletricidade. À mesma EDP que paga 45 mil euros por mês a Eduardo Catroga. Rua com esta gente que gravita em torno dos partidos! Rua! Fora! Basta!
Morreu Rodney King, o norte-americano de 47 anos que, em 1991, esteve no centro dos tumultos de Los Angeles, depois de ter sido espancado pela polícia. O incidente foi filmado e divulgado, desencadeando uma onda de violência que levou à morte de 50 pessoas. Foi o próprio King que pôs fim ao “caos”, quando se dirigiu à comunidade e perguntou: “Não podemos dar-nos todos bem?”. Talvez um dia, por cá, constatando a violência que constituem a fome, a miséria e a pobreza, os ricos e poderosos olhem à sua volta e afirmem: podemos viver todos bem!
Há dias vimos o ministro Miguel Relvas a prestar declarações a um canal televisivo. Atrás, atento, estava Paulo Júlio, Secretário de Estado da Administração Local e da Reforma Administrativa. Paulo Júlio tem um percurso académico, tem um percurso profissional, tem obra feita e reconhecida como presidente da Câmara Municipal de Penela, tem um projeto. Sabemos que há uma hierarquia a ser respeitada e não duvidamos nem um pouco da lealdade com que Paulo Júlio desempenha as suas funções no Governo de Portugal. Mas não gostámos de o ver na retaguarda de um homem que, aparentemente, é mais um dos muitos oportunistas que grassam na política…
Assistimos, no Porto, ao lançamento do livro “Criminologia: um arquipélago interdisciplinar”, de autoria de Cândido da Agra. A apresentação da obra esteve a cargo de Laborinho Lúcio, Ministro da Justiça no XI e XII Governos Constitucionais e Juiz Conselheiro Jubilado do Supremo Tribunal de Justiça. A dada altura, Laborinho Lúcio lançou o repto: todos aqueles que ocuparam cargos políticos deviam ser chamados à Assembleia da República, não para falarem do que fizeram bem, que é o mais habitual, mas sim do que não fizeram ou fizeram mal. Por outras palavras, dizemos nós, para assumirem responsabilidades. Quem aceita este repto? E quando?
O que parece, no dia a dia, é que muitos dos titulares de cargos políticos os abraçam em proveito do bem pessoal e não do bem comum. Recuemos. Ainda na oposição, já na liderança de Pedro Passos Coelho, o Partido Social Democrata chamou Eduardo Catroga para participar nas negociações com a Troika. Recordo-me de ler um texto de um comentador, certamente distinto, onde justificava a escolha de Catroga como contraponto aos cabelos brancos do então ministro das Finanças, Teixeira dos Santos. Afinal o “senhor dos cabelos brancos” queria era tratar da “vidinha” dele. Tratou! Ganha atualmente mais de 45 mil euros por mês na EDP…
A propósito da EDP, um caso concreto de alguém que recebe pouco mais de 300 euros por mês e pagou uma fatura de 42 euros de eletricidade. À mesma EDP que paga 45 mil euros por mês a Eduardo Catroga. Rua com esta gente que gravita em torno dos partidos! Rua! Fora! Basta!
Morreu Rodney King, o norte-americano de 47 anos que, em 1991, esteve no centro dos tumultos de Los Angeles, depois de ter sido espancado pela polícia. O incidente foi filmado e divulgado, desencadeando uma onda de violência que levou à morte de 50 pessoas. Foi o próprio King que pôs fim ao “caos”, quando se dirigiu à comunidade e perguntou: “Não podemos dar-nos todos bem?”. Talvez um dia, por cá, constatando a violência que constituem a fome, a miséria e a pobreza, os ricos e poderosos olhem à sua volta e afirmem: podemos viver todos bem!
António José Ferreira
1 comentário:
Mas o tal Dr. (ou Eng.?) Miguel Relvas não foi recebido há pouco tempo com pompa e circunstância em Penela?
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