“Incluo-me no rol daqueles
que acreditam no novo Governo. Não por partidarismo, mas porque dá sinais
de querer fazer o que realmente deve ser feito e não mais pode ser adiado em
matérias tão sensíveis como Economia, Justiça, Educação. Consequência de anos e
anos de erros sucessivos, dos quais nenhum dos partidos do arco
governativo pode ‘sacudir a água do capote’, Portugal encontra-se numa situação
muito débil e descredibilizado aos olhos do Mundo. Débil porque não gera recursos
para sustentar as suas próprias necessidades; débil porque há casos de extrema
pobreza, que se agudiza dia após dia, e que não podem ser ignorados; débil
porque corre sérios riscos de ruptura social, com todas
as consequências nefastas daí decorrentes (veja-se o que se passa
actualmente na Grécia). Urge, portanto, ‘arrumar a casa’”.
São palavras nossas,
escritas logo após a eleição de Pedro Passos Coelho para primeiro-ministro de
Portugal. Não acreditamos em varinhas de condão, muito menos quando se trata de
corrigir erros do passado e do restabelecimento da igualdade e da justiça
social, e, por isso, sabíamos que não ia ser fácil a tarefa da coligação
governamental para recuperar o país e para… cumprir o que prometera ao
eleitorado. Mas quinze meses volvidos quase tudo continua na mesma. Ou pior… Quinze
meses volvidos continua tudo por fazer na Economia (leia-se criação de
emprego), na Justiça, na Educação; quinze meses volvidos Portugal está numa
situação mais débil, com mais desemprego e mais pobreza (anunciada e, pasme-se,
preconizada pelo chefe do Governo); quinze meses volvidos Portugal corre (ainda
mais) sérios riscos de rutura social, com mais desempregados e cidadãos sem
qualquer prestação social ou qualquer outro recurso; quinze meses volvidos a casa
está mais desarrumada.
Uma diferença, para
melhor. Portugal está hoje mais credibilizado aos olhos de outros países e das
instituições internacionais (também dos agiotas que nos emprestam dinheiro a
preço do diamante). Mérito do Governo de Pedro Passos Coelho, é certo, só que o
cumprimento das obrigações assumidas no memorando de entendimento com a troika
não pode ser conseguido à custa dos mais desfavorecidos, dos reformados, dos
desempregados, dos idosos. Fazê-lo revela insensibilidade por parte de uma
classe política empenhada em cumprir, mas pouco corajosa para ir buscar
dinheiro onde sabe que o há, para combater lobies e interesses instalados, para
acabar com privilégios de uns quantos (poucos) à custa do empobrecimento de
outros (muitos). Afinal onde estão as “gorduras do Estado” identificadas por
Pedro Passos Coelho quando era líder da oposição? Quando as ataca
definitivamente, como prometeu ao país? Essas “gorduras” eram afinal e só os rendimentos
dos trabalhadores e dos reformados?
As sucessivas medidas de
austeridade e os impostos sobre o trabalho são reveladores de que, afinal,
Pedro Passos Coelho não tinha soluções para o país e para a crise em que foi
mergulhado pelo Eng. Sócrates (e não só). Prometeu-as, mas não as tinha. Urge
que as encontre ou que se demita e dê lugar a quem as tenha. Porque o pagamento
da dívida, o cumprimento do exposto no memorando de entendimento e a
consolidação orçamental não podem ser feitos à custa dos cadáveres que vão
ficando pelo caminho. São precisas outras soluções. Concretas.
Escrevemos a seguir, no
mesmo Editorial publicado na edição n.º 68 do Região do Castelo, a 30 de Junho
de 2011: “A equipa escolhida pelo Primeiro-Ministro tem o benefício da
dúvida e deve recolher o beneplácito de todos os portugueses. Será (deve
ser) escrutinada nos próximos tempos, quando surgirem os primeiros resultados
das medidas que vai implementar e que hoje são discutidas no Parlamento”.
Quinze meses volvidos, o resultado desse escrutínio esteve à vista no passado
sábado, com centenas de milhares de portugueses nas ruas em protesto contra
mais medidas de austeridade, nomeadamente contra a subida da TSU e contra a
insensibilidade de tirar 7% a ordenados que já são mínimos; quinze meses volvidos,
esse escrutínio prossegue amanhã no Conselho de Estado convocado pelo
presidente Cavaco Silva…
Tudo a postos para as
Festas de São Miguel 2012, que funcionam em simultâneo como uma mostra e um
cartão de visita do concelho. Penela tem qualidade de vida, tem baixa taxa de
desemprego, tem bons acessos, tem boas escolas e infraestruturas desportivas,
tem belas paisagens e pontos turísticos, tem excelentes restaurantes e cafés,
tem agora um magnífico hotel que preenche uma lacuna limitadora. Há ainda algo
a fazer ao nível do saneamento e das estradas, entre outras melhorias, óbices
que não impedem que o concelho seja atrativo, ao longo do ano, a visitantes que
aderem às diversas iniciativas promovidas pela autarquia ou por outras
instituições. Urge que o seja também para novos habitantes, a juntar aos atuais
5983 (de acordo com os censos de 2011). Serão bem-vindos!
António José Ferreira
1 comentário:
Creio que alguns Penelenses exageram (por amor à sua Terra) considerando que é um oasis de bem-estar no meio de um Portugal em plena "decadência". Um pouco de realismo por favor: Penela não escapa aos problemas que existem no resto do país. As pessoas sofrem porque foram mal governados nas últimas decadas, seja a nível nacional seja a nível local. Infelizmente, neste regime de partidocracia alternativa, são os mesmo que provocaram o descalabro que serão chamados para o resolver. Também segundo o esquema de alternância em vigor: hoje nos, amanha vocês....
Enviar um comentário