O grande Iniesta...
Constituiu um momento fabuloso a entrevista concedida por Andrés Iniesta logo após o jogo que deu à Espanha o título de campeã mundial. Pela alegria, pela voz embargada, pelas lágrimas nos olhos, pelos agradecimentos. Pela humildade! Naquele momento percebeu-se porque é que os espanhóis juntaram a Taça do Mundo ao título europeu conquistado em 2008. Porque jogam melhor "à bola", é certo, mas também porque o seleccionador Vicente del Bosque conseguiu incutir nos seus jogadores o espírito necessário para chegarem à vitória. Ao treinador espanhol, um "velho patusco", como alguém lhe chamou no decorrer do Mundial, cabe grande parte da fatia do êxito de "nuestros hermanos". Pela capacidade de liderança, pela visão táctica, pela sobriedade com que manteve o trabalho que vinha de trás, sem se colocar em "bicos de pés"...
Quase que apetece dizer, de uma forma talvez simplista, que enquanto os espanhóis choram, os jogadores portugueses reclamam... Ou talvez não tão simplista se recordarmos que a Espanha se estreou no Mundial da África do Sul com uma derrota frente à Suiça. Não se ouviu um lamento, uma reclamação. Apenas a assumpção de que, com confiança, a "roja" iria dar a volta por cima e chegar aos objectivos estabelecidos. Como chegou! Comparando com a atitude dos portugueses, dentro e fora da selecção, depois do empate com a Costa do Marfim (um bom resultado que quase parecia o "fim do mundo"), facilmente se percebe que há muito trabalho a fazer, dentro e fora do campo, para que Portugal possa um dia aspirar a meta idêntica à agora alcançada pelos espanhóis.
Chegará o dia em que Portugal partirá para um Mundial com o claro objectivo de o vencer. Com confiança e ambição. Mas não, seguramente, sem que antes se faça o indispensável "trabalho de casa", como já se disse, nas escolas, nos clubes (grandes e pequenos), nas selecções jovens. E não, seguramente também, enquanto ficarmos muito satisfeitos e "orgulhosos" com uma simples passagem aos oitavos-de-final, "feito" que valeu ao seleccionador nacional, Carlos Queiroz, um prémio que ronda os 800 mil euros (leu bem, o leitor: 800 mil euros). Fica a questão: mas será que neste país anda tudo doido?
António José Ferreira
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