quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Editorial

Sondagem à Sócrates…

À chegada ao Barreiro, onde inaugurou a electrificação do troço ferroviário que liga aquela cidade a Setúbal, José Sócrates puxou da “cassete” e lançou uma nova e surpreendente sondagem. Confrontado com os insultos e impropérios com que foi recebido, o nosso Primeiro-Ministro disse já estar habituado a este tipo de manifestações por parte do Partido Comunista. Ora, a fazer fé nestas afirmações e nos relatos que chegam sobre os constantes protestos dirigidos ao chefe do Governo de Portugal, em vários pontos do país, somos levados a questionar se estará em alta a cotação do partido da “foice e do martelo”. Serão todos comunistas os 120 mil professores que saíram à rua em protesto contra o novo sistema de avaliação de desempenho? Serão comunistas os estudantes que, nas ruas, erguem a voz suplicando por melhor Escola e melhor ensino? Serão comunistas os graduados e trabalhadores civis das Forças Armadas, que “debandaram” dos quartéis em protesto contra o Governo? Serão comunistas os juízes, os primeiros a afrontar a politica da equipa governamental de José Sócrates? Serão comunistas todos os trabalhadores que têm ficado sem emprego e que levantam a voz a clamar por estabilidade profissional (e familiar)? Serão todos comunistas os milhares de trabalhadores que lutam por melhores condições de trabalho e contra o “código” que as devia regular? Serão comunistas todos os ferroviários que, volta e meia, recorrem à greve em luta pela manutenção dos postos de trabalho e das regalias adquiridas ao longo dos anos? Ou será, por outro lado, que o “Zé Povinho” (dos mais variados quadrantes políticos, até do PS), está farto de politicas que acentuam as desigualdades, beneficiando “meia dúzia” e sobrecarregando todos os outros?

Uma certeza todos temos: não são comunistas, seguramente, aqueles que, ao abrigo da democracia (tal como outrora outros fizeram protegidos pela ditadura), enchem os bolsos de forma descarada, com a riqueza que devia ser distribuída por todos. Num país onde se incita ao “aperto do cinto”, cada vez com “mais furos”, sucedem-se relatos de escândalos financeiros que inquietam e entristecem aqueles que pouco ou nada têm (que apenas “sobrevivem”, ao passo que outros “vivem” faustosamente). Urge que o poder político ponha termo a este estado de coisas; urge que o Senhor Presidente da República, garante da estabilidade e do exercício dos direitos consignados na Constituição da República Portuguesa, quebre o silêncio e se dirija ao país e aos cidadãos, tranquilizando-os e garantindo-lhes que os factos em apreço serão investigados até às ultimas consequências, “doa a quem doer”! Para que Portugal, em definitivo, não se transforme numa deplorável “República das Bananas”…


Por cá, enquanto o fantástico Penela Presépio atrai à Vila pessoas de todo o país, sucedem-se manifestações culturais de vária índole, para todas as idades, que reflectem um novo rumo e um novo caminho a trilhar. Assistimos a uma delas, com muito agrado: a noite de fados promovida pelo Pateo da Villa. Entre as vozes, excelentes, destacamos a de Graça Santos. Porque é de Penela, porque é da nossa terra, porque é da nossa gente. E porque esta terra (este concelho), sem deixar de acolher “os de fora”, deve apoiar os “seus” (os de cá e os que fizeram questão de ser de cá), com paixão, com bairrismo…
Canta-se (bem) o fado em Penela!

António José Ferreira

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