Sem glória
O seleccionador nacional, como responsável máximo pelo conjunto nacional, tem certamente "culpas no cartório" por (mais uma) modesta participação de Portugal num Mundial. Pelas escolhas dos jogadores, pelas substituições, pela forma como "montou" a equipa e pelas estratégias que definiu para cada embate. E pelo receio que demonstrou em determinados momentos, que não é consentâneo com a caminhada dura que sempre se depara a uma equipa campeã. Mas há outros "culpados"...
"Os jogadores portugueses devem jogar mais e falar menos". Palavras de Laurentino Dias, Secretário de Estado do Desporto, logo após as intempestivas palavras de Deco no final do jogo com a Costa do Marfim. "Nem vou responder para não ser indelicado", retorquiu o presidente da Federação Portuguesa de Futebol. O mesmo Gilberto Madail que, há uns anos, defendeu os seus "meninos" quando estes acabavam (literalmente) de partir um balneário, no final de um jogo que o seleccionado nacional de Juniores disputou em França. Estavam lá alguns dos jogadores que agora integram a principal equipa nacional, inclusive Cristiano Ronaldo, se a memória não nos atraiçoa.
Portugal será campeão do mundo, um dia, se trabalhar de outra forma. E se souber transmitir aos jogadores, por mais "craques" que sejam, que as palavras "humildade" e "sacrifício" fazem parte do dicionário dos grandes campeões. Um trabalho que se faz nas escolas, nos clubes (grandes e pequenos), nas selecções jovens...
Mas, tal como na política, também aqui se coloca a questão: esse trabalho, até aqui por realizar, faz-se com os protagonistas do costume? Ou chegou a altura de os "mesmos de sempre" darem lugar a outros?
António José Ferreira