quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Editorial

Parabéns!

No Lar da Santa Casa da Misericórdia de Penela, onde vive muito bem cuidada e rodeada de "mimos", Albertina dos Santos completou 98 anos de vida. Conforme a ocasião justificava, foi presenteada com um bolo de aniversário trazido pelos sobrinhos e com os "Parabéns a Você" cantados por todos os presentes, entre os quais companheiras e funcionárias. Lúcida e sempre bem-disposta, falou ao Região do Castelo sobre o seu percurso de vida, trilhado lado a lado com a labuta no campo, desde os cinco anos de idade. Parabéns!
Uma sociedade avançada como quer (e deve) ser a portuguesa, não pode (nem deve) descurar o bem-estar dos seus idosos. É uma preocupação que deve começar e ser materializada no intimo da cada ser humano, mas que o poder político não pode ignorar. Felizmente que a fiscalização tem "apertado" e que lares e casas de recolhimento sem as mínimas condições foram obrigadas a fechar portas; felizmente, por outro lado, que instituições há que cumprem na íntegra os preceitos a que estão obrigadas e maximizam as funções que lhes estão atribuídas com base no profissionalismo e nos valores humanos e morais de dirigentes e funcionários. Chapeau!
Além das preocupações já aqui diversas vezes levantadas para com o bem-estar dos idosos, físico, material e também afectivo, não podendo a sociedade fechar os olhos ao dramático fenómeno da solidão, Portugal tem uma dívida para com esta faixa da população. Uma enorme dívida! Há muitos exemplos como o de Albertina dos Santos, de crianças que, naquele tempo, começavam a trabalhar com cinco anos de idade, ou pouco mais. Para trás ficava a parte lúdica (as brincadeiras); pior: para trás ficava, em muitos e muitos casos, o direito à "instrução". Muitos destes idosos, na altura impedidos de "crescer" porque "amarrados" às condições impostas pelo antigo regime, fascista, vivem hoje com pensões de miséria, na casa dos 300 euros mensais, que não dão para mais do que sobreviver. E o que fizeram os políticos da (chamada) democracia? Atribuíram a si próprios duplas e triplas (chorudas) reformas...
Sabemos que esta é uma tendência que não se inverte de um dia para o outro; sabemos que é preciso invertê-la; sabemos que políticos mais imbuídos do espírito nobre da política não teriam permitido manter esta situação...

António José Ferreira

1 comentário:

Ichaves disse...

Muitos parabéns pelo editorial!