quarta-feira, 18 de maio de 2011

Opinião

Luís Santarino
Uma força da natureza…

O jornal Região do Castelo permitiu-me conhecer mais boas e interessantes pessoas. Comecei a escrever a convite e agora, só se me expulsarem! Já faz parte da minha vida e da minha família colectiva.
Por isso, não hesitei quando organizou o jantar a Palmira Pedro.
Há muito que não me sentia tão bem.
Por isso agradeço a Palmira Pedro ser uma pessoa tão bonita!
Só uma Senhora da sua dimensão conseguiria juntar tanta e tão boa gente.
Confesso que não conhecia a sua história pessoal. Nem tal é de admirar! Mas fiquei muito sensibilizado.
Se hoje é fácil abandonar o “calor do lar”, o carinho dos nossos mais próximos, antes, tal afigurava-se como um sacrifício digno de nota. Hoje estamos todos muito mais perto, até por aqui, na internet, que falamos em tempo real entre milhares de kms de distância. Em outros tempos, tão longínquos como penosos, a vida era dura, muito mais dura.
Olhando para esta mulher sublime, percebe-se que os anos fizeram dela mais firme, mais determinada, mais amiga e mais solidária.
Nós pensamos de forma diferente – não tão, nem muito, diferente – mas os corações aproximam-se. O Povo, conforme por aí se diz, foi o que a motivou a ser mais “ela”!
O drama que todos vivemos, drama imenso, é que todos se olham, bem nos olhos, mas não temos a certeza se estão a falar verdade. Por isso, ouvi-la por várias vezes, em dimensões e ambientes diferentes, sabemos que existe sempre a tal excepção que confirma a regra.
Mas é bom perceber também que cada um tem a sua verdade. Verdade que a todo o momento pode ser o seu contrário, sem que exista contradição.
Lembro-me que, numa tarde de calor, em sede de Assembleia Municipal de Coimbra, soubemos que tinha falecido um AMIGO comum, Monárquico dos “sete costados”, dirigente desportivo e boémio assumido à mesa do PINTANAS. O D. Pignatelli anunciou-o à assembleia, eu associei-me de imediato, assim como a Palmira e quase todos os membros. Lá num canto, duas senhoras abstiveram-se com o argumento, estapafúrdio e patético, que não o conheciam. Foi o “bom e o bonito”! Vergonha, disse a Palmira. Vergonha. O voto de pesar deveria ter sido aprovado por unanimidade, dizia!
Esta reacção tocou-me fundo. Afinal, o Rui ia fazer muita falta a ambos! Ainda hoje faz!
Esta mulher que subiu a pulso, vendeu a sua força de trabalho, formou-se para a sociedade de elite - que para a “outra” já era doutorada – manteve-se humilde mas firme. Nunca, como outros, pretendeu pendurar-se nas costas de outrem, cresceu fazendo amigos, vai envelhecer a fazer ainda mais. Que bom é para todos nós saber que podemos contar com uma Amiga, tão Amiga!
A sua vida confunde-se com todos os que assumem a amizade como uma nobilíssima religião!
Coimbra, a minha e nossa cidade, precisa de mulheres de elevadas qualificações éticas e estéticas.
A política não a pode dispensar. É uma das “forças da natureza”, que coloca a milhas gente que se pavoneia pela cidade como se fossem donos da consciência dos cidadãos. 

Luís Santarino

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