domingo, 30 de novembro de 2008

Editorial

Estado de sufoco…

Cerca de 450 mil desempregados. São estes os “últimos” números do desemprego em Portugal. Preocupantes, possivelmente, para quem os vê simplesmente como dados estatísticos que apenas afectam o “vizinho” (como se fosse possível olhar e sentir o desemprego como um “fenómeno” isolado e não global); revoltantes, seguramente, para aqueles que os sentem na pele e “vivem” as dificuldades e insegurança que acarretam. É estes que importa ouvir, cujos testemunhos devem inquietar quem tem o poder de decidir e a responsabilidade de encontrar soluções (os políticos, claro). A este propósito, convidamos os nossos leitores a lerem com atenção a rubrica Pontos de Vista, na qual os nossos jovens colaboradores apresentam casos concretos e dão conta das incertezas com que olham o futuro. Aqui fica uma passagem, que vale a pena ler (e reflectir): “Por este andar, qualquer dia o tempo futuro subtrai-se da gramática por falta de uso. O meu planeamento pessoal tem uma amplitude restrita demais, para quem tem só 23 anos. Faço parte de uma estatística, é a isso que se resume a minha existência neste momento. E estatísticas não tornam a vida de ninguém segura e estável. Apenas nos permitem respirar, ainda que em permanente estado de sufoco.”

As soluções não são fáceis nem imediatas. Mas urge que se procurem, com energia e imaginação, e que enquanto esse árduo caminho é trilhado se dêem sinais de que há futuro, dirigidos nomeadamente aos mais jovens. Nesse contexto, mormente em tempos de “crise”, é sempre assinalável, e de saudar, o anúncio de investimentos públicos elevados, não só pela qualidade de vida que trazem às populações, mas também, e sobretudo, pela mensagem que lhes está implícita: de que o país não parou; de que o desenvolvimento continua a chegar às regiões e às pessoas. Registe-se, pois, a apresentação pública dos investimentos em curso da empresa Águas do Mondego no concelho de Penela.

Democrata dos “quatro costados”, o Dr. António Arnaut continua a “defender” o Serviço Nacional de Saúde, embora aceite que outros possam não o ter como o melhor para atender às necessidades das populações, conforme se pode ler na entrevista que concedeu ao Região do Castelo e que muito honrou o nosso jornal. Estamos de acordo com a defesa acérrima do SNS e questionamos, voltando a ter em conta as dificuldades, “encapotadas” em muitos casos, por que passam muitas famílias portuguesas: haverá sistema mais justo e acessível do que aquele que preconizou e que sucessivos governos têm tratado de liquidar?

António José Ferreira

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